quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

QUEM NOS ACODE?

É em circunstâncias como aquela em que nos encontramos, que mais gritante se torna a falta de uma instituição real, com uma legitimidade exterior (e superior) aos descredibilizados circuitos político-partidários, que nos unisse na adversidade, assegurando simultaneamente que as medidas necessárias para enfrentar a crise, não se transformassem numa intolerável limitação às liberdades individuais, como a que está em curso.
A situação internacional, pelas suas características de colapso financeiro, impunha medidas excepcionais e urgentes, como atempadamente ocorreu no Reino Unido e noutras monarquias europeias.
A república socialista que temos optou pela nacionalização da banca em dificuldades, sem cuidar de separar "o trigo do joio", numa vertigem de recuar a história ao gonçalvismo, pois sabem, pela sua cartilha, que controlando o sistema financeiro, deixam refém do governo todo o tecido produtivo do País.
Ora esta verdade, cujas funestas consequências ficaram bem patentes há cerca de vinte anos, aquando da queda do comunismo na Europa, tem trazido consigo uma intolerável arrogância no exercício do poder, de que são paradigmas um trauliteiro estalinista que dá pelo nome de Santos Silva, bem como a deriva do Primeiro-Ministro, quer fazendo-se vítima de cabala no vergonhoso caso do Freeport, quer avançando com propostas fracturantes de legalização de casamentos entre homossexuais, quer ainda afrontando o presidente a propósito do estatuto autonómico dos Açores.
A cobiça imobiliária põe em causa a continuidade do Hospital D. Estefânia, projecto pioneiro em Portugal para a saúde infantil, criado por vontade e pago com o dote da malograda Rainha que lhe deu o nome. O governo vende património imobiliário a uma empresa pública, à qual depois o aluga por forma a equilibrar as contas públicas, cada vez mais deficitárias, não só graças à ajuda aos bancos, mas também ao sempre crescente número de funcionários públicos. Quanto isso nos irá custar no futuro, é coisa a que são indiferentes, interessados que estão apenas em que os resultados da recondução do rebanho às urnas os mantenham à mesa do orçamento.
O presidente, como abundantemente tem sido afirmado nesta coluna, acha-se impotente para agir, mau grado o esforço despendido a disfarçar a nódoa da origem partidária, que será recuperada mal desagrade ao governo, com as conhecidas e habituais acusações de força de bloqueio.
E a nós, Portugueses, quem nos acode?

Texto de: D. Vasco Tellles da Gama, publicado no Diário Digital a 17-Fev-2009 - http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=50&id_news=373785 - quinta-feira.com - http://monarquiaonline.planetaclix.pt/index2.html

Sem comentários: