segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DISCURSO DO PRESIDENTE DA CAUSA REAL, DR. LUÍS LAVRADIO, NO JANTAR DOS CONJURADOS


Altezas Reais

Minhas Senhoras e meus Senhores

Temos vindo a celebrar o Dia da Restauração, todos os anos e ininterruptamente, com aquilo a que apelidamos de Jantar dos Conjurados. O ponto alto desta noite tem sido, e foi-o hoje mais uma vez, a Mensagem aos Portugueses com que S.A.R., O Senhor Dom Duarte nos tem brindado.
Achei por bem começar por relembrar a importância desta noite, desta data, a razão pela qual Sua Alteza Real e seu Augusto Pai a escolheram para falar aos portugueses. Pois, como já temos vindo a assistir, se não avivarmos essa memória, esta data passará à história como apenas mais um fait divers, embora com um jantar simpático de véspera onde temos o privilégio de contar com a presença da Família Real. Se assim for, arriscamo-nos a que daqui a uns anos o “Dia da Restauração” seja mais conotado com a palavra “jantar” e com a nossa gastronomia do que com a nossa independência!
Não é por acaso que eu vos falo em português.
Não é por acaso que Portugal, contra muitas expectativas e face às turbulências do século passado, e muitos e pesados interesses contrários, continua a ser um País independente.
Não é por acaso que a Família Real que veio abrilhantar uma vez mais esta nossa celebração é a da Casa de Bragança, do mesmo sangue do nosso primeiro Rei.
Não é por acaso que continua a existir uma rica, diversa e viva comunidade lusófona integrada na CPLP, apesar da forma vergonhosa como foi tratada em 1975.
As consequências do 1º de Dezembro foram estruturantes. Foi uma data fulcral para a história de Portugal e para todos os países que partilham dessa história, restituindo à Nação a sua continuidade histórica e a Coroa ao nosso Rei. Como portugueses, não podemos deixar cair a memória desta data. Seja feriado ou não, a Causa Real continuará a promover este encontro, sempre.
Dito isto, não me posso esquecer de saudar aqueles que, sob a égide da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, cujo presidente temos a sorte de ter entre nós, amanhã farão uma reconstituição histórica dos acontecimentos do 1º de Dezembro.
No entanto, mais do que a efeméride, é o espírito, o exemplo de quem a proporcionou que eu gostaria de realçar, pois julgo ser esse exemplo muito actual e muito necessário.
A palavra “crise” que temo ouvido incessantemente tem as suas origens na krisis do grego antigo. Era um termo médico, bastante específico, que descrevia o ponto de viragem de uma doença. O ponto a partir do qual o doente começava a recuperar. Entretanto, “crise” tomou um sentido bastante mais lato, mas será krisis o termo apropriado para aquilo que estamos a viver? Sendo o doente o nosso Portugal, (não exclusivamente, pois a doença que nos assola tem-se alastrado por grande parte do mundo ocidental), será que aquilo que vivemos é um verdadeiro ponto de viragem?
Em 1640 houve uma crise em Portugal, no sentido etimológico da palavra. Houve, de facto, um ponto de viragem, proporcionado por quarenta homens. Os Conjurados. Arriscando tudo, as suas posses, a sua posição, a sua família, a sua própria vida, enfrentaram um contingente de 6 mil soldados castelhanos e parte da sua armada, então ancorada no Tejo. Este grupo de quarenta, armados apenas com a suas próprias espadas e pistolas, conquistou o povo de Lisboa que saiu de imediato em seu auxílio sem grande armamento mas com uma firmeza de espírito notável. Em menos de uma semana, do Minho ao Algarve, Portugal inteiro tinha já aclamado D. João IV como Rei.
Teríamos ainda quase 30 anos de guerra pela frente, uma geração inteira. Mas uma geração determinada em vencer.
A crise que actualmente atravessamos é oportuna, pois veio abalar a passividade e a miopia que nos tem mantido presos à mediocridade, e ao conforto do colo do Estado. Há que exigir mais. Mais de nós próprios.
Os portugueses em 1640 tomaram uma atitude. Uma atitude com consequências assustadoras, mas absolutamente necessária. E é com o mesmo espírito, seguindo este exemplo de coragem, de determinação, de convicção e de união á volta de uma causa maior do que cada um de nós que devemos enfrentar o presente para construir o nosso próprio futuro. Precisamos, isso sim, de uma mudança de atitude. É preciso não esquecer que também nós podemos contar com um Duque de Bragança!
Dentro desta lógica também a Causa Real tem procurado levar para a frente essa mudança de atitude, passando aos portugueses um mensagem de esperança num novo futuro.
Estamos a finalizar as bases para uma nova constituição portuguesa, destituída de ideologias políticas. Estamos a analisar e adaptar a doutrina monárquica para que seja facilmente entendida por todos como uma alternativa a ter em conta para o Portugal do futuro. Estamos finalmente a implementar o Projecto Educar, indo ao encontro das escolas e liceus com uma postura actual, desempoeirada e divertida, demonstrando as vantagens da Instituição Real e combatendo a história oficial da 1ª República com factos. Para além das associações que vão crescendo no nosso país, e esperamos a curto prazo poder integrar mais duas no seio da Causa Real, temos avançado para além-mar ajudando grupos de portugueses, que acreditam nos benefícios de um regime monárquico, a desenvolver novas Reais Associações para disseminar a nossa mensagem junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Podemos dar as boas-vindas à recém-criada Real Associação de Nova Iorque que já faz parte da nossa família, e outras seguirão. A nível cultural, firmámos um acordo com a State of the Art, consultores no mundo das artes, nos termos do qual a Causa Real responsabiliza-se a divulgar obras de arte de novos e conceituados autores portugueses. Os quadros serão leiloados por email e a Causa terá direito a participar no lucro, uma ajuda importante para o financiamento das nossas actividades. Temos podemos mostrar-vos o primeiro destes quadros, de Dom Sebastião, e temos connosco também o seu autor, João Figueiredo, cujas obras se encontram espalhadas pelo mundo inteiro, e os responsáveis da empresa State of the Art.
Aqueles que precisam de ajuda também requerem a nossa atenção. Seguindo o exemplo da Família Real, patronos de um número importante de causas e associações neste domínio, no ano passado entregámos ao Banco do Bebé um cheque de €750. Este ano a receita do jantar será repartida com a Associação Vale de Acór, que tem desenvolvido um trabalho sem igual na recuperação e reabilitação de toxicodependentes
Resta-me agradecer a Va comparência e, muito especialmente a de Suas Altezas Reais. que têm sido uma exemplo constante neste mar de incertezas, e ao Senhor Dom Afonso, ao Senhor Dom Diniz a à Senhora Dona Maria Francisca, Príncipes e Infantes de Portugal, cuja presença é tão importante para todos nós, pois prefiguram a continuidade da Casa Real, símbolo da nossa independência e do futuro da nossa Nação.
Peço que se levantem para juntos brindarmos a Família Real de Portugal, gritando Viva Portugal!

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